"E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que Ele nos concedeu" (Romanos 5. 5).
Tomemos como pressuposto os dois tipos principais de virtudes, a saber: as virtudes teologais e as virtudes cardeais. As três virtudes teologais são: a fé, a esperança e a caridade. As quatro virtudes cardeais são: a justiça, a prudência, a temperança e a fortaleza.
Virtudes teologais são aquelas dadas por Deus aos homens e mulheres por meio do Espírito Santo. Já as virtudes cardeais, segundo os filósofos gregos, provêm do esforço humano. A despeito dessa diferença, ambos os tipos de virtudes conduzem ao aperfeiçoamento do ser humano em direção a ações sempre mais autênticas.
A esperança, nesse sentido, é um dom dado ao ser humano e que o impulsiona a agir, já que, como dom, leva-o à abertura para novos horizontes, e nunca ao fechamento. Isso significa que a esperança é uma virtude de quem ainda não possui tudo, mas está em busca. E quem vive imbuído de esperança tem uma atitude psíquica marcada pela vivacidade.
A energia da esperança rejuvenesce a pessoa, que fica marcada pela alegria de quem aguarda aquilo que está por vir. Quando a mulher está grávida, dizemos que ela está "esperando" uma criança. Esse processo não implica somente a espera biológica do nascimento, mas também a espera transcendente de algo melhor que está por vir.
Os genitores ficam cheios da esperança de que algo novo comece a partir daí; esperança de que aquela nova vida possa trazer luz ao mundo. Ligamos, então, a esperança à vida nova gerada no ventre materno.
Podemos, dessa forma, intuir que manter a esperança é manter-se com vida e com capacidade vivaz de gerar mais vida, pois o dom de Deus está intimamente ligado à geração de vida na família, no trabalho, na comunidade, no círculo de amizades e assim por diante.
Como cristãos, não podemos deixar de recordar que também Jesus Cristo foi esperado. Ele foi gerado no ventre materno e se tornou o portador da esperança e da vida nova. Por isso, a esperança cristã é força decisiva da renovação e de um futuro mais humano.
Qual é, então, o lugar da esperança? O lugar da esperança é no coração, na vida de cada pessoa, que poderá, assim, irradiá-la pelo mundo. Trata-se de uma virtude que não existe por si só, ou seja, que só se concretiza na pessoa que a possui. E "possuir", aqui, significa menos dominar e mais ser envolvido por essa força que faz seguir adiante mesmo nas incertezas.
A esperança, portanto, tem como fundamento a fé, já que, em última análise, sem fé não há esperança que vá além deste mundo situacional em que vivemos. Jesus nos animou com suas palavras e ações e nos pede, agora, neste tempo, que sejamos portadores de esperança; afinal de contas, não existe lugar melhor para a esperança do que o íntimo do coração humano.
Texto: Alison Valduga
Vice-reitor provincial dos padres e irmãos Palotinos (Província Nossa Senhora Conquistadora, Santa Maria/RS)